sábado, 18 de fevereiro de 2012

Heráclito de Éfeso


Quando queremos fixar as coisas e definí-las, elas já não consistem no que eram um momento antes...


Para conhecer algo não é preciso retirar-lhe o movimento, como muitas vezes queremos fazer ...compreender a natureza não significa estagná-la.  Matamos seres vivos apenas para dissecá-los e, com isso, conhecê-los...
Devemos observar a natureza e todos os seres "em movimento".  E, enquanto observamos, também nos movimentamos.  Não nos banhamos no mesmo rio duas vezes, pois as águas do rio já não são mais as mesmas, nós não somos os mesmos, não é possível tocar duas vezes o mesmo ser.


Não precisamos vencer os opostos para nos afirmar; nem sequer precisamos de auto-afirmação, pois se afirmamos, podemos negar a seguir. O que vimos num momento anterior, já não vemos agora, nem veremos mais adiante. Tudo se move e se transforma o tempo inteiro.


A harmonia necessária para o movimento da vida provém da consciência sobre a mutabilidade incessante do Universo. Fundamental a compreensão do eterno fluir (movimento - DEVIR) para que possamos ter um conhecimento da totalidade "pois uma só é a (coisa) sábia, possuir o conhecimento que tudo dirige através de tudo"...

Porém, o saber da totalidade exercido por pressão confisca nossa autonomia de pensamento. A unidade mora na harmonia oculta das forças opostas, da "natureza que ama esconder-se".
Não é escolher entre um caminho e outro, mas de encontrar a unidade na tensão dos opostos.


Opostos custumam ser rivalizados. Dificilmente aceitamos possibilidade de harmonia entre eles; é como se fosse uma obrigatoriedade vencer o oposto para afirmar aquilo que somos. "Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira". Necessitamos de opostos; ele é parte constituinte de nós, não como negação, mas como possibilidade.

Somos e não somos, e isso não é um problema, é apenas nossa natureza,  É homeostase, balanço, equilíbrio; é o meio entre os opostos e existe tensão. "O pensar é a maior virtude, e é sabedoria dizer a verdade e agir de acordo com a natureza compreendendo-a". A única realidade possível é o devir, a mudança devida à unidade da tensão entre opostos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gerânio - Harmonia e Generosidade


Nomenclatura Botânica: Pelargonium graveolens
Família: Geraniaceae
Nota: Média
Extração: Folhas

Composição Química: Ésteres (15-30%), Aldeídos (1-8%), Cetonas (5-10%), Monoterpenes (1-5%), Sesquiterpenes (1-2%), Álcoois (50-70%), Sesquiterpenol (1-3%), Furanóides (1-2%), Óxidos (2-3% na var, chinesa)

Propriedades Físico-químicas: Antidepressivo, Relaxante, Analgésico, Antiespasmódico, Desosdorante, Antisséptico, Antiinfeccioso, Antivirótico, Fungicida, Bactericida, Inseticida, Antiinflamatório, Cicatrizante/Vulnerário, Adstringente, Flebotônico, Hemostático, Anti-hemorrágico, Linfotônico, Diurético, Regulador Hormaonal, Estimulante do Córtex Adrenal, Menstrual, Descongestionante, Hepatônico, Vermífugo, Pancreático (antidiabético), Regenerador Celular, Emoliente

ATUAÇÃO SISTÊMICA
Nervoso: Harmonizador do Sistema Nervoso, Tensão, Neuralgia (facial), Estresse, Sedativo, Eleva o Espírito, Antidepressivo, Acalma Agitação, Estresse, Ansiedade, Debilidade, Fadiga, Depressão pós-natal, Exaustão Nervosa
Tegumentário: Herpes Simplex, Aftas de febre, Acne, Queimaduras, Hamatomas, Vazinhos, Pele Seca ou Oleosa (balança), Pele Madura e Congestionada, Eczema, Dermatites, Fungos, Úlceras, Tinha (infeccção fúngica), Repelente (piolho e mosquito), Celulite, Regenerador Celular, Pé-de-atleta, Feridas (especialmente pós-cirúrgico facial ou plástica), Impetigo (infecção inflamatório por bactérias), Doenças infantis (catapora, sarampo, caxumba), Emoliente, Vulnerário, Diminui Cicatrizes, Infecções cutâneas, Pruridos
Respiratório: Dor de Garganta, Amigdalite, Asma, Limpa o muco
Músculo-Esqueleto: Reumatismo, Osteoartrite, Artrit, Cãimbra
Cardiovascular-Linfático: Hemorróida, Tônico Cardiovascular, Flebite, Circulação Pobre, Varizes, Úlcera Varicosa, Anticoagulante, Estimulante Linfático
Imunológico: Doenças Infantis (catapora, sarampo, caxumba), Herpes, Imunoestimulante
Digestivo: Diarréia, Gastroenterite, Icterícia, Estimula Fígado e Bílis, Diabete, Estimula Pâncreas, Colite infecciosa, Gastrite, Limpa o Sistema Digestivo, Diarréia Nervosa, Úlcera Gástrica, Dor de Garganta, Amgdalite
Endócrino: Estimulante do Córtex Adrenal
Genito-Urinário-Reprodutivo: Candidíase, Cólica Menstrual, Disminorréia, Metrorragia (Útero), Congestão láctica, Menopausa, TPM, Diurético, (Tônico Rins e Bexiga), Inchaços, Cistite, Harmoniza os Hormônios, Menstruação Irregular, Gravidez, Verruga Genital, Fibróides.

Feminino: Óleo COR-DE-ROSA, Óleo da Mulher, reconcilia com o feminino, balança e harmoniza os humores (oscilação), limpa a mente. Ótimo para mulheres que sofrem ou sofreram abusos (seja físico ou psicológico - limpa a sensação de estar "suja"). Óleo especial para aquela mulher que vive em competição/luta com o masculino. Torna a mulher generosa para consigo mesma.

Masculino: traz delicadez e generosidade ao homem tipo "macho", que se sente o dono do mundo, não sabe escutar e nem se doar. Faz entrar em contato com seu lado feminino.
 
Óleo Essencial de Gerânio harmoniza o masculino e feminino dentro de cada um de nós, Traz leveza, beleza e equilíbrio na convivência homem e mulher, oferecendo condições para que ambos, em respeito aos direitos e a liberdade de cada um, conheçam-se intimamente em suas almas, onde não há lugar para hipocrisias. Harmoniza Yin e Yang

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Olíbano - O Pacificador

Nomenclatura Botânica: Boswellia carteri (abre terceiro olho), Boswelia Thurifera (abre e movimenta o terceiro olho)
Família: Burceraceae
Nota: base
Extração: resina

Composição Química: Ésteres (traços), Cetona (traços), Sesquiterpenes, (5-10%), Monoterpenes (40-90%), Álcoois (2-5%), Óxido (traços), Sesquiterpenol (0-1%), componentes desconhecidos (40-60%)

Propriedades Físico-Químicas: antidepressivo, calmante, cicatrizante, antioxidante, bactericida, antisséptico, adstringente, rubefasciente, vulnerário, anticancerígeno, antiinfeccioso, citofilático, imunoestimulante, mucolítico, expectorante, antitóxico, tônico digestivo, carminativo, diurético, tônico uterino, emenagogo, energizante.


ATUAÇÃO SISTÊMICA

Sistema Nervoso: depressão, obsessão, ansiedade, depressão pós-natal, estresse, pesadelos, Alzheimer, tumores, levemente hipnótico

Sistema Tegumentário: pele seca e madura, combate e suaviza rugas, acne, cicatriz, feridas, úlceras, antisséptico e tônico para todos os tipos de pele, carbúnculo (infecção necrosante-múltiplos furùnculos). Oxigena os tecidos

Sistema Respiratório: asma, bronquite, catarro, tosse, pleurisia, laringite, regula secreção, respiração curta (aprofunda a respiração), enfizema

Sistema Músculo-Esqueleto: reumatismo (antiinflamatório)

Sistema Cardiovascular-Linfático: úlcera varicosa, oxigena o sangue

Sistema Imunológico: imunodeficiência, certos tipos de câncer, resfriado, gripe

Sistema Digestivo: acalma estômago, facilita digestão, dispepsia, arroto, diarréia crônica, gases

Sistema Genito-Urinário-Reprodutivo: Cistite, nefrite, (rins) infecções genitais em geral, tônico uterino, leucorréia (corrimentos vaginais/uterinos), disminorréia, metrorragia (hemorragia uterina), endometriose, inflamação nos seios, seios obstruídos (aleitamento)

o Santo Olíbano é um Óleo que ativa a Pineal, elevando nossa conecção com o Divino (como quer que o canceba). Eleva o espírito, limpando a aura e o psíquico, tirando da depressão espiritual. Fortalece a crença no Divino. Traz silêncio interno, ótimo para meditação.

Rejuvenescedor mental por excelência, alivia indecisão, medo do futuro, choro sem causa, perda, tristeza, mágoa, exaustão emocional, amortecimento para a vida, falta de interesse, pesadelos, obsessão com o passado, limpa as dores da alma.

Regulador, Eufórico, Calmante e Relaxante, eleva o estado mental oxigenando o cérebro. Conforta e dá força em tempos de mudança, promovendo o desapego e a aceitação de novas idéias.

Eucalípto Smithii

Nomenclatura Botânica: Eucalyptus smithii
Família: Myrtaceae
Nota: alta
Extração: Folhas

Composição Química: Ésteres (traços), Aldeídos (1%), Sesquiterpene (1%), Óxidos (70-80%), Monoterpenes (17-20%), Álcoois (1%), Fenol (traços).

Propriedades Físico-químicas: analgésico, calmante (noturno), estimulante (matinal, profilático, antivirótico, antisséptico, antiinfeccioso, descongestionante, mucolçítico, expectorante, estimulante digestivo. Fala-se em ser um Óleo adaptogênico

ATUAÇÂO SISTÊMICA

Sist. Nervoso: dores de cabeça por estresse, descongetionante mental
Sist. Respiratório: asma, bronquite, tosse, catarro, infecção, resfriado, gripe,
Sist. Músculo-Esqueleto: dores musculares e nas articulações
Sist. Imunólógico: Imunoestimulante
Sist. Digestivo: digestão preguiçosa
Sist. Genito-Urinário-Reprodutivo: Cistite

Eucalípto Smithii limpa e regula a mente, pois sua quantidade de óxido faz oxigenar o cérebro. Ótimo para para crianças por não ser tão agressivo como os outros eucalíptos e ajuda na concentração.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Camomila Romana - Compaixão e Afeto

Nomes científicos: Anthemis nobilis, Chamaemelum nobili
Família Botânica: Asteraceae ou Composta
Nota: Média
Extração: Flores
Composição Química: Ésteres (75-80%), Monoterpenes (18-35%), Cetonas (10-15%), Sesquiterpenes (2-12%), Álcoois (4-6%), Ácidos (traços), Aldeídos (0-10%), Óxido 1,8 cineoloe (0-25%), Lactones (traços)

Propriedades Físico-químicas: Sedativo e Calmante do Sistema Nervoso Central (SNC), Analgésico, Antiespasmódico, Anticonvulsivo, Nervino, Relaxante, Hipnótico, Antineurálgico, Antisséptico, Bactericida, Antiinflamatório, Cicatrizante/Vulnerário, Emoliente, Febrífugo, Sudorífico, Tônico Digestivo, Parasiticida, Carminativo, Antianêmico, Diurético, Emenagogo, Menstrual.


ATUAÇÃO SISTÊMICA

Sistema Nervoso: Dores de Cabeça, Enxaquecas, Insônia, Neuralgia, Neurite, Depressão, Estresse, Irritabilidade, Choque, Tensão, Ansiedade

Sistema Tegumentário: Eczema, Inflamação Cutânea, Alergia, Acne, Psoríase, Furúnculo, Queimadura, Corte, Urticária, Pele Seca, Hipersensibilidade, Dermatite em geral, Fortalece Tecido, Inchaço Local, Celulite, Rachaduras no mamilo, Gengiva Inflamada, Conjuntivite, Olhos Cansados, Regenerador Celular

Sistema Respiratório: Asma de origem nervosa

Sistema Muscular e Ósseo: Artrite, Gota, Reumatismo, Dores musculares, Dores Lombares, Distensão, Inflamações nas articulações em geral.

Sistema Imunológico: Infecções Crônicas, Estimula produção de Glóbulos Brancos

Sistema Digestivo: Úlcera bucal, Dor de Dente, Digestivo, Acalma o Estômago (vômito, náusea indigestão), Alivia Gastrite, Diarréia, Úlcera Gástrica, Colite, Síndrome do Intestino Irritável, Flatulência, Cólica, Perda de Apetite, Anemia, Parasiticida intestinal, Icterícia (Bilis)

Sitema Genito-Urinário-Reprodutivo: TPM (Tensão pré-menstrual), Sintomas da Menopausa, Amnorréia, Dismnorréia, Cãndidíase, Corrimentos Vaginais, Bexiga Nervosa, Diurese noturna, Cisitite



CAMOMILA ROMANA é uma avó carinhosa que acalma o caos interno, surtos emocionais, ansiedade, amargura, timidez, emoções inflamadas, irritabilidade, nervosismo, choque emocional, medo, raiva, tensão, intolerância. A querida Camomila Romana atua no campo das emoções,(águas internas), trazendo quietude, afeto e doçura ao nosso interior; tranquiliza a mente, libera os tabus, traz paciência, calma, estabilidade emocional. É Santa Ana, é Guanyn (Kuan Yin)

Ismália (Alphonsus de Guimarães)

Quando Ismália enlouqueceu
Pos-se na torre sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no esvario seu,
Na torre pos-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas a voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.

Química dos Óleos Essenciais


Família Química dos Óleos Essenciais e algumas de suas possíveis propriedades terapêuticas:


  • Éster: anfotérico (equilibra/harmoniza) - pode ser energizante e estimulante ou calmante e sedativo, antiinflamatório, antiespasmódico, fungicida, efetivo com problemas de pele, vulnerário, seguro e gentil

  • Aldeído Alifático: sedativo, calmante, antisséptico, pode irritar a pele, antiinflamatório, hipotensivo, refrescante, febrífugo (reduz temepratura), antivirótico, fungicida, relaxante, litolítico, pode ser hipotensivo

  • Cetona: descongestionante, expectorante, sedativo, analgésico, anticoagulante, cicatrizantes (e reduz cicatriz), refrescante, mucolítico, fungicida, antiinflamatório, emenagogo, lipolítico, parasiticida, não use por tempo prolongado (neuro e hepatotóxica), litolítico, lipolítico, sedativo, pode ter efeito anticoagulante

  • Sesquiterpene: harmonizante, bactericida, antiinflamatório, hypotensivo, calmante, analgésico leva, antiespasmódico, adstringente, antisséptico, fungicida, relaxa cãimbras, antiestamínico,

  • Lactona e Cumarina: fotossensitivo, anticoagulante, hypotensivo, descongestionante, calmante, sedativo, febrífugo, sudorífico, mucolítico, harmoniza e fortalece os ânimos.

  • Óxido: mucolítico (estimula principalmente as secreções do pâncreas), descongestionante do sistema respiratório (expectorante), pode irritar a pele, anticoagulante, estimulante, diurético. Neuro e hepato tóxico. Pode irritar a mucosas internas quando inalado.

  • Ácido: bastante raro em estado livre, normalmente ocorre em pequenas quantidades, antiinflamatório, desodorante, calmante

  • Aldeído Aromático: propriedades similares aos aldeídos alifáticos, mas geralmente são mais estimulantes e aquecedor

  • Monoterpene: antisséptico, bactericida, antivirótico, expectorante, ótimo para a pele (porém pode ser agressivo às mucosas), harmonizante, analgésico fraco, ótimo para o fígado e bilis, estimulante, antiinflamatório, parasiticida, seco e adstringente, mucolítico, antitóxico (limpa toxinas principalmente do fígado e rins).

  • Álcool: estimulante, imunoestimulante, germicida, forte bactericida, antivirótico, descongestionante, fungicida, antisséptico, diurético, tônico, fortalece e balança os ânimos, tal como hormônio. Sesquiterpenol pode ser calmante, antiinflamatório e hipotensivo; Monoterpenol pode ser analg´sico, sedativo, antiespasmódico

  • Fenol e Éter Fenólico: forte antisséptico, bactericida, antiinfeccioso, imunoestimulante, irritante da pele, imunoestimulante, analgésico, antiespasmódico, sedativo, estimulante, tal como hormônio, aumenta a temperatura (rubefasciente), hipertensivo, antiinflamatório, antivirótico, tóxico ( SNC, fígado e rins)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Escutar


Escutar em diálogo é escutar mais os significados que as palavras. Na escuta verdadeira, nós alcançamos além das palavras, vemos através delas para encontrar a pessoa que está sendo revelada. Escutar é procurar o tesouro escondido no verdadeiro eu da pessoa a ser revelado verbal e não - verbalmente. Existe um problema semântico, claro, palavras carregam diferentes conotações para você e para mim. Consequentemente, eu nunca poderei dizer a você o que você disse, mas somente o que eu escutei. Eu terei que repensar o que você disse, checar com você para assegurar que o que saiu de seu coração e mente chegou intacto na minha mente e coração sem distorções.”
(John Powell, teólogo)

ESCUTAR É MAIS QUE SOMENTE OUVIR

Eu sempre pondero sobre a natureza da verdadeira sinceridade humana, sua verdadeira transparência.

Parece ser rara e difícil, e o quanto isso depende da pessoa que nos escuta!

Há aqueles que derrubam as barreiras e fazem seu caminho suavemente, há aqueles que forçam as portas e adentram nosso território como invasores.

Há aqueles que nos entrincheiram nos fechando dentro de nós mesmos, constroem diques e levantam muros à nossa volta.

Há aqueles que nos colocam fora de sintonia e somente escutam nossas notas desafinadas e falsas.

Há aqueles para os quais permanecemos sempre um estranho, falando uma língua desconhecida.

E quando é nossa vez de escutar, qual deles somos nós...?

A Prática do Atendimento

Atender é dar sua atenção física para a outra pessoa. Atender é comunicação não verbal que indica que você está prestando atenção cuidadosa ao que o outro está relatando.

Postura de Envolvimento: cada região do corpo pode ser orientada de certa maneira que convide, facilite e assegure que o campo está seguro para a fala do outro (em outras palavras, mostrar que você é todo “ouvidos”).
- Inclinar o corpo na direção da pessoa que fala;
- Encarar o outro com eqüidade e honestidade;
- Estar no nível olho a olho com o cliente;
- Manter uma posição aberta e receptiva;
- Se posicionar a uma correta distancia do cliente.

Movimento apropriado do corpo: evite movimentos e gestos que distraiam a atenção do cliente. Bons escutadores movem seus corpos em resposta à fala do cliente.

Contato direto com os olhos (olho no olho): expressa interesse e desejo de escutar. Contato olho a olho permite ao cliente apreciar sua receptividade em relação à mensagem que ele quer transmitir. Ajuda o cliente a entender o quão seguro é falar com você. Olhando olhos nos olhos é possível, através das expressões nos olhos, “escutar” realmente o que o cliente quer dizer.

Ambiente sem distrações: mantenha o ambiente com o mínimo possível de objetos. Elimine toda e qualquer barreira física (mesas, por exemplo), o espaço entre você e o cliente deve estar vazio, sem interferências.


OUTRAS QUALIDADES A SEREM OBSERVADAS

"O bom escutador é capaz de falar quando é apropriado, ficar em silêncio quando esta é a resposta que cabe, e sentir confortável nas duas atividades." (Brigitta Dunki).

Um dos pontos cruciais para o bom escutador é estar fora do caminho do cliente para que o mesmo exponha seu próprio ponto de vista sobre a questão que o trouxe até você, e então você poderá descobrir como ele analisa a situação em que se encontra.

Abrir a porta”: é uma maneira suave de convidar o cliente a falar.
• Uma descrição das expressões corporais ou faciais do cliente – uma reflexão do que você vê – “Você está parecendo preocupado hoje” ou “Eu sinto que você está bastante cansado, você deve ter tido um dia daqueles”;
• Um convite para conversar ou continuar conversando – “Gostaria de falar sobre isso?” ou “Por favor, continue.” ou “estou interessado no que está falando.”;
• Silencio – dando tempo para a pessoa decidir o que falar ou sobre o que ela quer realmente falar;
• Atenção – contato olho no olho e postura de envolvimento que demonstre seu interesse e respeito para com o cliente.

Encorajamentos mínimos: para que o cliente continue falando.
• Respostas simples que ajude o cliente a falar sua história de sua maneira, sempre mantendo o cliente ativo no processo. Encorajamento mínimo não significa concordar ou discordar com o que é falado, mas o terapeuta deixa o cliente saber que ele está sendo realmente escutado e que o escutador este realmente escutando o que é falado e tentando entender o que está sendo dito. Se o cliente decidir continuar, palavras como: “diga-ma mais” ou “realmente?” ou “me de um exemplo.” ou “então?” ou “eu vejo” ou “continue”, etc.

Questionar:
• Questões devem focar na intenção, perspectivas e preocupações do cliente. As questões devem ser abertas, dar espaço para o cliente explorar seus próprios pensamentos sobre o assunto.

Silêncio atentivo: silêncio permite ao cliente pensar, sentir e expressar melhor (‘o começo da sabedoria é o silêncio’).
• O silêncio permite ao cliente se aprofundar em seus pensamentos e, consequentemente, nele mesmo. Assim o cliente tem espaço para entender e expressar os sentimentos que estão “rondando” sua mente. Permite, também, que o cliente proceda no seu próprio tempo.


ESCUTA REFLEXIVA

- Respostas reflexivas proporcionam um espelho ao cliente que está falando.
Na resposta reflexiva, o escutador relata os sentimentos e/ou conteúdo do que o cliente comunicou e faz isso de uma maneira que demonstre entendimento e aceitação incondicional.
• O escutador precisa se tornar um espelho, e não um “expert”;
• Não dê conselhos!!!!;
• Fazer um “feedback “ sobre o que escutou (sentimentos, situação, pensamentos) do cliente;
• Pode dar uma nova perspectiva, leitura para o cliente sobre eles mesmos.
• Motivar o cliente a resolver seus próprios problemas

- Parafrasear é uma resposta concisa para o cliente, fixando na essência do que escutou, nas próprias palavras do escutador.
• É conciso;
• Reflete somente o ponto central da mensagem emitida pelo cliente;
• Foco no conteúdo;
• È exposto nas palavras do terapeuta;
• Quando a paráfrase é correta, o cliente quase sempre diz “sim” ou “correto” ou “exatamente” Se a paráfrase estiver incorreta, o cliente irá, normalmente, corrigir.

- Sentimentos reflexivos envolve espelhar de volta ao cliente as emoções que ele está comunicando.
• Observe os movimentos do corpo para pistas sobre as emoções do cliente;
• O escutador frequentemente perde muito da dimensão emocional da conversação quando está focando somente no conteúdo;
• Quando escutar não encoraja a abertura dos sentimentos do cliente, o terapeuta tende a perder a reação pessoal do mesmo no evento que o próprio terapeuta está descrevendo sobre a vida do cliente.
Se o cliente está falando sobre um problema, uma reflexão dos sentimentos ajuda ele a entender melhor suas emoções e assim mover para a solução do problema.

SENTIMENTO é a energia que ajuda a ver melhor os dados, organiza-los, e usar isso efetivamente enquanto se dá relevantes passos para a ação.
• Focar nas palavras que carreguem sentimentos;
• Ver a mensagem geral da mensagem
• Observar expressões corporais;
• Pergunte a você mesmo: se fosse eu, o que estaria eu sentindo?
• Refletir de volta os sentimentos do cliente.
Sugestão de fórmula: “Você sente (colocar a palavra que exprima o sentimento) porque (inserir o evento, o problema que está associado com o sentimento)...”


Escutar em diálogo é escutar mais os significados que as palavras. Na escuta verdadeira, nós alcançamos além das palavras, vemos através delas para encontrar a pessoa que está sendo revelada. Escutar é procurar o tesouro escondido no verdadeiro eu da pessoa a ser revelado verbal e não - verbalmente. Existe um problema semântico, claro, palavras carregam diferentes conotações para você e para mim. Consequentemente, eu nunca poderei dizer a você o que você disse, mas somente o que eu escutei. Eu terei que repensar o que você disse, checar com você para assegurar que o que saiu de seu coração e mente chegou intacto na minha mente e coração sem distorções.” (John Powell, teólogo)

Comunicação Terapêutica

Comunicação é uma parte importante da consulta. Existe a inclinação de pensar que comunicação é um processo verbal, mas entre 65% a 93% de nossa comunicação é não-verbal.

No processo de comunicação o cliente traz para a consulta:
Corpo: que se move, tem forma, contorno, postura (aberta ou fechada – tensa ou relaxada), vestimentas (personalidade), gestos, expressões faciais, olhos, pele, cabelo, unhas, etc.;
Valores: conceitos e pré-conceitos que representam a maneira que a pessoa tenta sobreviver e viver uma “boa” vida (obrigações e deveres para com ele e para com os outros);
Expectativas: sobre o tratamento, do passado, do presente e do futuro;
Habilidade de conversar: som da voz, palavras usadas;
Entre outras tantas coisas que se pode observar: postura, sexo, energia, idade, etc. Importante é perceber os mínimos detalhes com descrição e delicadeza, sempre.


Barreiras da Comunicação

1. Julgamento:

• Criticar – fazer uma avaliação negativa sobre as reclamações, ações e atitudes tomadas pelo cliente (ex: “você é responsável pelo que você atrai em sua vida”);

• Diagnosticar: analisar o porquê a pessoa está se comportando daquela maneira (ex: isso é uma auto-punição porque você não consegue aceitar o fato de que...”);

• Nomear: estereotipar, ou mesmo diminuir, a pessoa (ex: “você está se portando feito louca”, ou “ isto é uma postura tipicamente feminina/masculina”).

2. Emitir soluções:

• Ordenar – enviar uma solução forçosamente (pode causar resistência e ressentimento). Isto implica que o julgamento do cliente é irrelevante (“você não respondeu o questionário de auto-conhecimento que lhe pedi, faça isto já”);

• Amedrontar – solução enviada com ênfase em punição (“já lhe disse, se não fizer isso não chegará ao esperado”);

• Moralizar – os “deveres” e “obrigações”, falar de idéias com força de autoridade social, moral ou teológica (“você deve pedir desculpas, pois o erro foi seu” ou “antes de se divorciar, pense nas crianças”);

• Excessivo ou inapropriado questionamento – questões fechadas, que se responde com poucas palavras ou um simples “sim” ou “não”. (“você sabia que isso iria acontecer, foi lá porque quis, não é mesmo? Você não está arrependido agora?”);

• Aconselhar – Dar ao outro a solução para o problema dele/a, isto pode parecer como um insulto à inteligência do cliente. (“Se eu fosse você, eu...” ou “Isso é fácil, primeiro você...”).

3. Não levar em consideração o interesse do cliente:

• Divergir – mudar a conversação para o tópico que você acha importante (“Você acha que o que aconteceu com você foi horrível, olhe para trás e veja como existem pessoas em piores situações que você” ou “Você operou a apêndice, isso não é nada, vou te contar a história de minha avó...”);

• Argumento Lógico – focar no fato e evitar os sentimentos envolvidos (“Olhe os fatos, você sabia que isso não funcionaria”);

• Enfatizar – geralmente usado por aqueles que imaginam estar sendo “bonzinhos”, mas não querem participar da carga emocional que isso demanda (“Não se preocupe, vai tudo acabar bem no final”).

Dr Edward Bach

“...As escolas médicas do futuro não mais se interessarão particularmente nos resultados ou produtos da doença, ou não mais prestarão atenção nas atuais lesões físicas, ou administrarão drogas e químicos meramente para um efeito paliativo dos sintomas. Buscarão, sim, a verdadeira causa da doença e saberão que os resultados físicos são meramente secundários. Eles concentrarão seus esforços em trazer harmonia entre corpo, mente e espírito que resultará na cura da doença. Quanto mais cedo fizer essa correção na harmonização, mais rápido o quadro se reverterá, e a saúde será restaurada.
Entre todos os tipos de remédios que serão usados estarão aqueles obtidos das mais belas flores e ervas que podem ser encontradas na farmácia da natureza, que foram divinamente enriquecidas com poderes de cura para o corpo e a mente do homem.
Para receber e transmitir essa prática divina, devemos praticar paz, harmonia, individualidade e firmeza de propósito...” (Dr Edward Bach, 1931)

O Terapeuta

Para que o terapeuta atinja seu objetivo de ajudar o outro, ele tem que primeiramente estar desperto para seu próprio ser, deve ter auto-estima elevada e se respeitar acima de tudo. Desenvolver esse tipo de sabedoria interna é um estudo de uma vida. Tem que estar conectado com o divino (como quer que o conceba) e meditação é fundamental.

Tem que se perceber em todos os sentidos (físico, moral, espiritual, etc.) para crescer e nutrir sua auto-estima, e buscar sempre o aperfeiçoamento enquanto pessoa, isto requer muita paciência e disciplina. Precisa lidar com seus limites, seus problemas e pré-conceitos de uma maneira honesta, só assim manterá sua integridade. Quando se relaciona harmoniosamente consigo mesmo você leva essa harmonia para a relação com o outro, podendo assim atingir realmente seu objetivo de cura. Somente estando sintonizado com seu próprio ser é possível fazer uma comunicação real, amorosa e criativa consigo mesmo e com o outro.

Um dos grandes desafios do terapeuta é desenvolver, em seus clientes, o amor-próprio. Somente assim a cura será duradoura. E, para tal, o terapeuta deve ser capaz de “tirar os próprios sapatos e vestir os sapatos do cliente”.

Informação se torna conhecimento somente se existir relevância para experiência. Conhecimento se torna compreensão quando está conectado com sentimentos. Somente uma profunda compreensão, carregada de fortes e sinceros sentimentos, é capaz de modificar padrões de estrutura de comportamento.” (Brigitta Dunki)