sábado, 4 de junho de 2011

MISTANÁSIA: Eutanásia ou Distanásia Social?

Eutanásia: Termo proposto por Francis Bacon para designar o "tratamento adequedo para as doenças incuráveis". A palavra vem do grego que significa "morte apropriada", morte rápida e sem sofrimento. Pode ser considerada, também, como "suicídio assistido".

Distanásia: Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento. Antônimo de eutanásia, pois é o prolongamento da dor.

Ortotanásia: atuação correta frente à morte. Cuidados paliativos adequados prestados aos pacientes nos momentos finais de suas vidas.

Mistanásia: é a eutanásia ou distanásia social.

A grande maioria das vítimas da mistanásia são pessoas pobres, vítimas da exclusão social e econômica, pssoas que levam uma vida precária, desprovidas dos cuidados de saúde e que morrem prematuramente.

O termo mistanásia foi sugerido por Leonard Martin para denominar a morte miserável, fora e antes da hora. Segundo ele, dentre a grande categoria de mistanásia há 3 situações: primeiro, a grnade massa de doentes e deficientes, que por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico; segundo, os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornar vítima de erro médico; e, terceiro, os pacientes que acabam sendo vítimas por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos.

A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana.

Mistanásia pode ser comprovada diariamente em vários meios sociais, pode ser vista diariamente na Central de Urgência e Emergência, onde se pode presenciar a agonia de pacientes que sofrem juntos a seus familiares a espera de leitos vagos nas UTIs. Certo que a saúide pública precisa ser vista com mais humanidade.

Desta forma, o Estado, enquanto provedor de Dignidade de Vida, deve direcionar todos os esforços no combate às mazelas humanas, como é o caso de milhões de famintos, moradores de rua e outros miseráveis em condições que atentam contra a dignidade do ser humano.

Paradoxo da Solidariedade

Como entender o fenômeno de mobilização altruísta de ajuda a pessoas distantes enquanto fechamos os olhos para não ver o que se passa à nossa volta?

Ajuda-se um distante habitante do Japão ou da Indonésia, porém ignora-se o vizinho ou o colega de trabalho. Como isso acontece?

Solidariedade não é associar-se a um grupo ou lutar por uma causa. Solidariedade significa generosidade, realizar uma ação completamente altruísta.

Ser solidário com as vítimas de terremotos de países distantes é generoso, porém solidariedade implica também prestar atenção ao seu vizinho, ao seu colega de trabalho, às pessoas à sua volta.

Um vizinho ou um colega desesperado e não há ninguém para estender-lhe a mão, por quê? Parece que todas as condutas de ajuda mútua e de solidariedade foram apagadas dos costumes do dia-a-dia. É cada um por si e a solidão que impera torna-se regra. Parece que a solidaderiedade somente aparece quando a mídia diz que é hora de ser solidário.

O que poderá explicar este paradoxo? Estende-se a mão a uma vítima longínqua de um terremoto, mas não estende-se a mão ao seu vizinho. Não é a atrofia da solidariedade a que assistimos, mas sim sua canalização para determinadas causas. Por que?

Uma explicação possivel é de que vivemos em uma sociedade ultracompetitiva, que cultua os "vencedores" e despreza os "perdedores". Talvez a solidaderiedade esteja sendo vista como "mal negócio", já que as pessoas, atualmente, não conseguem compreender o significado de generosidade e costumam "passar para trás" e tachar de "otários" os generosos. Hoje em dia o slagan "o mundo é dos espertos" fez com que a maioria das pessoas passassem a ignorar a tristeza e miséria no seu entorno social por medo de "ser passado para trás". A generosidade, a solidariedade desapareceu, quase que por encanto, do cotidiano, dando lugar à solidão e ao medo.

É uma pena, pois se conseguíssemos ser solidários nas pequenas situações do cotidiano com nossos vizinhos e colegas, com certeza teríamos um mundo menos "cafona" à nossa volta.