sábado, 4 de junho de 2011

Paradoxo da Solidariedade

Como entender o fenômeno de mobilização altruísta de ajuda a pessoas distantes enquanto fechamos os olhos para não ver o que se passa à nossa volta?

Ajuda-se um distante habitante do Japão ou da Indonésia, porém ignora-se o vizinho ou o colega de trabalho. Como isso acontece?

Solidariedade não é associar-se a um grupo ou lutar por uma causa. Solidariedade significa generosidade, realizar uma ação completamente altruísta.

Ser solidário com as vítimas de terremotos de países distantes é generoso, porém solidariedade implica também prestar atenção ao seu vizinho, ao seu colega de trabalho, às pessoas à sua volta.

Um vizinho ou um colega desesperado e não há ninguém para estender-lhe a mão, por quê? Parece que todas as condutas de ajuda mútua e de solidariedade foram apagadas dos costumes do dia-a-dia. É cada um por si e a solidão que impera torna-se regra. Parece que a solidaderiedade somente aparece quando a mídia diz que é hora de ser solidário.

O que poderá explicar este paradoxo? Estende-se a mão a uma vítima longínqua de um terremoto, mas não estende-se a mão ao seu vizinho. Não é a atrofia da solidariedade a que assistimos, mas sim sua canalização para determinadas causas. Por que?

Uma explicação possivel é de que vivemos em uma sociedade ultracompetitiva, que cultua os "vencedores" e despreza os "perdedores". Talvez a solidaderiedade esteja sendo vista como "mal negócio", já que as pessoas, atualmente, não conseguem compreender o significado de generosidade e costumam "passar para trás" e tachar de "otários" os generosos. Hoje em dia o slagan "o mundo é dos espertos" fez com que a maioria das pessoas passassem a ignorar a tristeza e miséria no seu entorno social por medo de "ser passado para trás". A generosidade, a solidariedade desapareceu, quase que por encanto, do cotidiano, dando lugar à solidão e ao medo.

É uma pena, pois se conseguíssemos ser solidários nas pequenas situações do cotidiano com nossos vizinhos e colegas, com certeza teríamos um mundo menos "cafona" à nossa volta.

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